sábado, 23 de julho de 2011

Contração (in)voluntária


Era uma vez um alguém bem covarde que de tanto medo escondeu o coração no meio do estômago e o pobre do órgão perdeu o som... escorregou devagar, ficou bem preso, e hoje resta todinho enrolado no meio das tripas.

domingo, 17 de julho de 2011

Enfim trinta...

Às vezes fico olhando bem no fundo dos meus olhos no espelho até conseguir passar pro outro lado só pra ver se me enxergo melhor... e me pego dizendo ‘bom dia’ para mim mesma todas as manhas enquanto vasculho meu rosto com uma pinça num ritual bobo, que logo é interrompido por minha própria resposta agora mais encorpada e decidida de ‘bom dia Aline’.

Agora já me reconheço! Cheguei aos trinta!

E a má notícia é que, ao contrario do que eu mesmo previ aos quinze, eu ainda não estou rica, não encontrei o amor da minha vida e já tenho tufos de cabelos brancos... pior do que isso meu cabelo se mostrou vingativo além de ralo e fino justamente em protesto aquela adolescente que o maltratava com chapinhas, presilhas, luzes e parafernálias da moda, novidades de um novo século que estava por vir, e que a essa altura me parece quase o século passado.

Já no pacotão das boas novas incluem-se principalmente minhas pequenas sardas nos ombros e no busto. Simplesmente adoro minhas pintinhas! Me lembro de passar minhas mãos ainda miúdas nessas pequenas marcas no colo da minha mãe e desejá-las pra mim... E tenho orgulho de dizer que elas chegaram, e chegaram do da noite pro dia, talvez resultado de descuido com protetor solar, a questão é que não as senti nascendo e de repente aqui eu estava amadurecendo por fora.

Hoje eu sei que cada um inventa a própria receita de felicidade de acordo com seu autoconhecimento e conseguindo discernir o que julga útil e bom para sua própria vida.

Sei que eu não preciso ser rica para me sentir realizada, nem mais acredito no amor de uma vida inteira, acredito sim em amizades eternas em amores verdadeiros e em paixões de tirar o fôlego, e que (ainda bem) passam depressa... Também aprendi a aceitar e a gostar do meu corpo e dos meus cabelos precocemente grisalhos, e nós três convivemos em paz tentando nos enquadrar no que meu desejo julga necessário para nosso bem estar.

A verdade é que estou me adaptando perfeitamente aos meus trinta anos, que até agora me parecem macios e confortáveis, e se hoje eu os comemoro tanto é porque eles me trouxeram a sensação de segurança e juventude ao mesmo tempo, porque trabalho no que gosto sabendo onde estou e de onde vim, porque sei até onde o sexo pode me levar , porque aprendi a valorizar as pessoas e os pequenos momentos, porque já aprendi como meu corpo gosta de se vestir e de como meus cabelos gostam de ser tratados, porque aprendi que o orgulho quase sempre é burro e principalmente porque ainda tenho um monte de coisas pra aprender e finalmente entendi isso.

Claro que eventualmente pode até surgir uma crise dos trinta, um medo de crescer, uma “paura” de perder tempo e de gastar vida, mas nesse caso sempre vou ter minhas lindas sardas me lembrando quem sou e como cheguei até aqui.Benditas marquinhas deixadas pelo tempo.

domingo, 10 de julho de 2011

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Escrevo por necessidade de escapar de mim e assim me desfaço em dez mil rabiscos, porque ainda preciso fugir daquilo que grito aos quatro cantos e balbucio aos cinco ventos. Hoje quero ser só silêncio ... silêncio e reticências...