sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Das cordialidades e suas entrelinhas

Espero que esteja bem
espero que esteja muito melhor que bem
espero que esteja sorrindo agora
espero que pense em mim toda hora
espero que me lembre no meio do seu dia corrido
espero que sempre agradeça ter me conhecido
espero que só de vez em quando feche os ohos para se lembrar do meu rosto
espero que de vez em quando aconteça sempre
espero que me ligue pela manhã para dividir um sonho estranho
espero te sentir ofegante e assustado
espero te dar outro beijo molhado
espero poder sair do seu coração direto para o suor na sua mão
espero estar bem no meio do frio de sua barriga
espero você inteiro
espero ainda que em movimento
espero ainda que menos
espero ainda...

PRONTO FALEI!

Por favor, não descasquem o mundo! Não vou deixar que me roubem sua surperficialidade! Gosto dele assim mesmo, na sua inteirice e todo pronto, ou mal acabado...
Sempre fui gulosa e tenho mania de devorar tudo, casca, miolo e polpa. Não sou dada à paciência de procurar semente, ou achar casca feia, nunca me preocupai em lavar aquela linda maçã que me fez salivar... Acerola e pitanga eu só como colhidas na hora, dou uma esfregadinha no bolso de traz da calca e mando pra dentro, se não for assim não vejo graça e perde todo o gosto.Manga boa mesmo é aquela colhida e chupada em baixo do pé, depois que a gente tira a casca com os dentes, deixando escorrer caldo doce pelos cotovelos, não a que partimos com faquinha de serra na cozinha, porque essa tem quase gosto de plástico.
É bom trabalhar e ter as contas pagas, mas ainda melhor se sobrar uma graninha para o boteco, acho uma delícia ler Machado de Assis em tardes de domingo chuvosas e em longas madrugadas de segunda feira, quando o silêncio se torna música sólida, mas também adoro sentar do lado do noticiário barulhento e ler Maurício de Sousa, morrendo de rir com o Chico Bento.
Música só é música com melodia e ritmo, não é só letra e verso! Ainda sinto ao longe aquele cheirinho de whisky quando me lembro dos meus pezinhos apoiados sobre os pés do meu pai enquanto dançávamos boleros.Não entendia a cafonice das letras daqueles boleros antigos, não sabia o significado das palavras dramaticamente cantadas e sinceramente nem me importaria com elas, porque era criança e por isso mesmo era livre! Me lembro que conseguia sentir o ritmo e isso bastava, e o momento bastou e a lembrança quase me basta!
Hoje, do alto da minha futilidade quero declarar que: Não consigo gravar nomes de diretores cinematrogáficos, não sei dizer o índice de mortalidade infantil nem daqui muito menos do Haiti, me confundo sempre com os países do Oriente Médio, só consigo entender dois idiomas e um deles é minha língua natal, perco horas jogando vídeo game, fazendo teste idiotas na Internet, repito a mesma música cem vezes e não faço a menor ideia em que álbum ela foi gravada, gasto muito dinheiro em sapatos mas uso todos que compro, gasto outra pequena fortuna em produtos de beleza, mas meus banhos e os meus pós banhos são quase rituais que dedico a minha estima. Adoro a liga da justiça e queria mesmo ser a mulher maravilha!Gosto mesmo é de música nacional, não entendo quase nada da discografia internacional e prefiro mil vezes bossa nova, chorinho e samba do que blues, jazz e rock and roll.
O que tenho a dizer a meu favor é que não esqueço nomes ou rostos, sei preservar amizades antigas, ligo pra saber se está tudo bem, cultivo hábitos extremamente simples, o que me possibilita comer qualquer coisa, dormir em qualquer lugar e me dar bem com quase todo mundo.Quase todas as minhas relações afetivas, amorosas ou não se transformaram em eternas porque me apego as pessoas e não gosto que se percam de mim, tenho muita sorte porque sempre sou compreendida em meus "micos" cheinhos de falta de conhecimento.
Na verdade o que da pra concluir aqui é que apesar de gostar de Woody Allen, tem dias que só uma comédia romântica e idiota daquelas açucaradas de Hollywood, ou um desenho cheinho de moral da história, para dar conta do meu mau humor. E desde já aviso... vou continuar discutindo a novelinha retardada das sete com minha avó , vou continuar comentando dos bbb gatos com a filha da minha amiga de 12 anos, vou dançar funk toda empolgada quantas vezes quiser rebolando até cair no chão de tanto rir da minha própria cara enquanto minha mãe vibra aos berros: "Você é muito doida Aline!"....
Futilidades? Superficialidades? Ninguém toca nas minhas!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

APÁTICA


(Foto Shirlei Romano- Exposição Leituras Visuais)

Nada hoje me alcança
É que sou infinitamente maior!
Maior do que isso que agora me escorre em letras
Me agiganto tão só!
E não há um só verso que possa me acompanhar...
Fico presa dentro de mim sem nenhum espelho,
Vazia de rima, e cheia...
Repleta desse poema branco!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dos meus Mistérios

Não sei o que há de novo nesse meu espanto...
Nesse velho encanto que sinto ao olhar a Lua!


Não sei o que há com o olhar dos gatos
Sei que desvio! E desvio de puro medo
Medo de que me roubem a alma!


Não sei o que há em você que me paralisa
E fico tonta só te admirando
Te sonhando todo meu
Meu pra dividir com orgulho
Te exibindo pro mundo
Me mostrando dona única dos seus lábios
Enquanto me bronzeio com sua luz!


Não sei como controlar minhas vontades
Que de tão ousadas
Ficam ali dançando no meio da sua voz
Só pra me provocar
E outra vez...
Desvio o olhar!


Não sei como libertar esse desejo
Plano sem jeito...
Sufocado por saudades futuras
Na velha prisão do meu peito!


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Giram sóis...


Tem horas que tudo parece passar tão depressa!
Outras pareço caminhar em câmera lenta...
Repito passos,
Erro caminhos,
Procuro destino!
Grandeza ou miudeza delicada
Que me leve essa frieza
De me sentir uma qualquer
Dia comprido....
O ano já é longo e amarelo
E ainda espero o tal do começo!