segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sequela

Hoje acordei com uma dor danada no tornozelo!
Chorei de dor!
Tudo por causa de um ligamento, entre a canela e o calcanhar, que com muito sofrimento veio a arrebentar!
Romper é coisa séria...
Assim me disse o médico, que me aconselhou como um amigo. E ao avisar do perigo, disse que eu não poderia me esforçar e que nas noites de inverno o machucado ia formigar, mas o tempo amenizava!
Apaziguava!
E não é que foi assim mesmo... médico é pessoa sábia a quem se deve ouvir.
Pobre de mim que não pude pressentir o que vinha pela frente, a canela e o corpo dormentes!Mergulhados na dor!
E quando achei que tinha me curado, me precipitei, sai toda festeira dançando e pulando, não aguentei.
Então:
Aiaiaiaia...!!!!
Senti o tal do formigamento! Ainda estava lá e latente o tal do rompimento!
E o tornozelo ainda formiga e me castiga quase como um aviso: você não devia ter rompido!
Mas acontece que rompi, ou rompeu-se sozinho porque nessas coisas de tornozelo é difícil saber como é que se deu o rompimento.
Hoje dormi chorando de tornozelo!
Maldito ligamento... rompimento!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Assombração

Essa é uma história corriqueira, de qualquer uma dessas assombrações que atravessamos por aí, ou que nos atravessam sem mesmo nos darmos conta.
E foi de tão comum que essa fantasma, me chamou atenção. Além do fato, confesso, de sentir por muitas vezes a espinha gelar da nuca até o calcanhar, quando me sinto observada por quem se esconde nas frestas de nossas casas quando estão desalinhadas.
Seu nome, foi o único presente de sua ausente mãe, que logo depois do registro a abandonou com a avó paterna: Setembrina, que sempre se questionava se a genitora o fizera de propósito, como um mimo para que de certa forma fosse lembrada.
Ela era chamada de Dona Setembrina, e sempre foi Dona, desde bem pequenininha. Era Dona até para a avó que a criou chamando por Dona ou Doninha, no diminutivo não por carinho mas por ironia.
E apesar de todo significado de sua (des)graça, Dona Setembrina, nunca suportou a primavera. Achava os dias claros demais, as pessoas indecentemente coloridas e o mais insuportável e que nada amenizava o sol quente e o azul abusado do céu. É bem verdade também que nunca apreciou as chuvas fortes ou as tempestades escandalosas. Ela gostava mesmo era de neblina!
Adorava se esconder entre fumaça de som quando mais jovem nas festas... Achava a coisa mais linda a pintura que se formava no céu quando o dia amanhecia nublado, envolto em nuvem densa. E por isso, fumava uma carteira e meia de cigarro por dia, gostava de produzir fumaça, pela beleza, pelo ambiente e esse era seu único prazer, mesmo assim, a Dona nunca sorriu!E foi dessa forma, escondida, que Setembrina resolveu levar a vida, sempre na beirinha vivendo na margem fina do mundo.
Escolheu uma vida de meio. Se achava meio feia, meio tímida, meio burra, meio parada e até meio preguiçosa! Se esquivava dos raios de sol e de tudo que pudesse de alguma forma toca-la. Logo cedo antes de ir para o trabalho, que detestava e mantinha há quinze anos, ela treinava várias caretas no espelho. Descobriu que com um semblante bem carregado e sons que lembrassem um resmungo, conseguia afastar as pessoas e seus pedido indecentes de auxílio já que era secretária e não empregada pessoal de ninguém.
Mesmo com todo seu esforço, Setembrina não escapou de arranjar um namorado, mas tomou cuidado e nunca se apaixonou. Detestava beijo de língua porque sentia engolir a saliva do companheiro lentamente... O que sempre lhe causou náuseas. O namorado não se importava e até parou com os beijos após flagrar a parceira com ânsias. Estavam juntos porque desacreditavam nas mesmas coisas e tinham as mesmas despretensões da vida!Sentiam, de alguma maneira torta, que era melhor serem sozinhos juntos do que sozinhos separados. De vez em quando, ensaiavam um sexo limpo, no escuro e em noites de domingos frescas porque não suportavam suor.
Em um episódio curioso, digo curioso porque não era costume que as pessoas olhassem diretamente para Setembrina, mas certa vez, uma colega notou que a secretária emagrecia a olhos vistos e rapidamente, então se preocupou. Perguntou em tom amigável se estava tudo bem, mas a Doninha ao soltar um de seus resmungos emendou com uma careta:
- Se emagreci? Não notei! Detesto espelhos!
Depois disso os dias passaram iguais, meses e anos no mesmo ritmo, o tempo não se incomodou com a magreza de Setembrina, com seus cigarros ou com as caretas e suspiros fundos. Até que em um desses dias comuns, nem azul, nem cinza, Dona Setembrina simplesmente desapareceu. Não deixou rastro, poeira ou fumacinha que a denunciasse!
Os otimistas suspeitam que foi depois de uma névoa que apareceu cedinho na cidade, a hipótese é de que ela teria emagrecido tanto que saiu a pairar na densidade sorrindo pela primeira vez!
Outros, mais realistas, ditam um final dramático para nossa despretensiosa protagonista, dizem que de tão magra ela foi sugada por uma dessas frestas de alguma casinha desalinhada e de migalhas ainda vive, porque se acostumou a elas durante toda sua não existência.
O fato é que nunca mais se teve notícias de Dona Setembrina e seu namorado ainda a espera todos os domingos, sentado no sofá mofado da sala com um olho no céu, através da janela embaçada pelo tempo, e outro nas tais frestinhas... Quando sente um ventinho gelado se arrepia e faz o nome do pai.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Amputação

Espero que nem todas as aspirinas do mundo
Sejam capazes de amenizar a dor
Do vazio que agora sinto!
E não minto quando digo que quero
O sincero sofrimento
Vou viver esse momento
Tão nosso...
Que parece somente meu!

Me esforço para guardar
Sua ultima imagem
Não quero que se apaguem
Nossos beijos de amor
Não assim sem força!
Não sem dor!
Não seria justo com nossa história
Que simplesmente te removesse da memoria...

Hoje estou optando pela angústia!
Não quero consolação
Amolação aparente que tente me colocar para cima...
Não vou beber nem um trago,
Vou estar sóbria quando te vir saindo
Perverso e lindo dos meus planos

Quero gastar nosso amor até a última gota,
Nem cheiro ou leve rastro vai sobrar...
Espero ao menos estar viva
Quando finalmente conseguir te matar!

sábado, 2 de outubro de 2010

Quando a alma se molha










Água lava mágoa
Leva dor
Confunde lágrima
Derrama frescor
Escorre eu
Eu inteira...
Água e sal
Ralo abaixo!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para NÃO falar de política!

Eu que sempre tive essa natureza meio vermelha, e de ter sempre me interessado pela política, esse ano afirmei decidida: NESSAS ELEIÇÕES NÃO VOU DISCUTIR POLITICA COM NINGUÉM!
Resisti bravamente a todos os comentários superficiais e atrasados postados no twitter por jovens amigos de 180 anos. Não respondi a nenhum e-mail preconceituoso, machista, tendencioso, enviado por quem se deixa transformar em massa de manobra. Também ignorei por completo as discussões, muito pouco acaloradas, de botecos e corredores da empresa, bem... quase por completo, porque ninguém é de ferro! O importante é que me mantive discreta, respeitando e considerando as opiniões, enfim DEMOCRATIZANDO além dos meus limites!
E ouso dizer que, ainda não me abalei! Isso aqui não é nem de longe um manifesto político... E que fique bem claro!
E foi justamente essa falta de discussões e interesse e entusiasmo, que me instigaram a escrever esse texto. Que democracia é essa onde se discutir ficou fora de moda e cansativo? Que política é essa feita apenas de marqueteiros e publicitários? O que fica no ar é que quem tem carisma, eloqüência, dinheiro, e um bom clareamento dental já esta a alguns passos de ser um legítimo representante do nosso país. Aquela política envolvente, que trazia as pessoas para dentro, era formadora de opiniões e angariava cúmplices e parceiros além de eleitores... Essa já era!
Ontem, estourei pipoca, me reuni com minhas irmãs e sentei empolgada para assistir ao debate entre os candidatos a presidência da republica do Brasil. O que acabou se tornando uma triste e enfadonha decepção. Depois do segundo bloco já me sentia espectadora de um ‘entusiasmado’ jogo de golfe! E fora alguns discursos de um candidato, que acabou revelando uma saúde mental no mínimo abalada (e aqui não pretendo citar nomes ou me posicionar) e fora algumas reações ensaiadas com a platéia que estava em sintonia perfeita com o sonoro em bem dito “por-favor” de Willian Bonner. O fato é que o repórter em si, acabou sendo a grande e única sensação da noite com seu terno azul marinho e seus cabelos sedutoramente grisalhos.
E antes do meu quinto bocejo, já sentia falta daquele programa de quinta (qualquer trocadilho é mera coincidência), onde a gente assiste as pessoas comerem ratos, baratas e afins.
Faltou, e anda faltando na política, entusiasmo, vontade e raça... Faltou coragem, ou vontade de se molhar... Sobrou "democracia" e guarda chuvas! Faltou calor humano.... Não tinha ser que fosse humano!