sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para NÃO falar de política!

Eu que sempre tive essa natureza meio vermelha, e de ter sempre me interessado pela política, esse ano afirmei decidida: NESSAS ELEIÇÕES NÃO VOU DISCUTIR POLITICA COM NINGUÉM!
Resisti bravamente a todos os comentários superficiais e atrasados postados no twitter por jovens amigos de 180 anos. Não respondi a nenhum e-mail preconceituoso, machista, tendencioso, enviado por quem se deixa transformar em massa de manobra. Também ignorei por completo as discussões, muito pouco acaloradas, de botecos e corredores da empresa, bem... quase por completo, porque ninguém é de ferro! O importante é que me mantive discreta, respeitando e considerando as opiniões, enfim DEMOCRATIZANDO além dos meus limites!
E ouso dizer que, ainda não me abalei! Isso aqui não é nem de longe um manifesto político... E que fique bem claro!
E foi justamente essa falta de discussões e interesse e entusiasmo, que me instigaram a escrever esse texto. Que democracia é essa onde se discutir ficou fora de moda e cansativo? Que política é essa feita apenas de marqueteiros e publicitários? O que fica no ar é que quem tem carisma, eloqüência, dinheiro, e um bom clareamento dental já esta a alguns passos de ser um legítimo representante do nosso país. Aquela política envolvente, que trazia as pessoas para dentro, era formadora de opiniões e angariava cúmplices e parceiros além de eleitores... Essa já era!
Ontem, estourei pipoca, me reuni com minhas irmãs e sentei empolgada para assistir ao debate entre os candidatos a presidência da republica do Brasil. O que acabou se tornando uma triste e enfadonha decepção. Depois do segundo bloco já me sentia espectadora de um ‘entusiasmado’ jogo de golfe! E fora alguns discursos de um candidato, que acabou revelando uma saúde mental no mínimo abalada (e aqui não pretendo citar nomes ou me posicionar) e fora algumas reações ensaiadas com a platéia que estava em sintonia perfeita com o sonoro em bem dito “por-favor” de Willian Bonner. O fato é que o repórter em si, acabou sendo a grande e única sensação da noite com seu terno azul marinho e seus cabelos sedutoramente grisalhos.
E antes do meu quinto bocejo, já sentia falta daquele programa de quinta (qualquer trocadilho é mera coincidência), onde a gente assiste as pessoas comerem ratos, baratas e afins.
Faltou, e anda faltando na política, entusiasmo, vontade e raça... Faltou coragem, ou vontade de se molhar... Sobrou "democracia" e guarda chuvas! Faltou calor humano.... Não tinha ser que fosse humano!

6 comentários:

  1. Um manifesto inevitavelmente político o seu. Assisti também aos presidenciáveis na Globo e fiquei com a mesma sensação que você: o marketing esvaziou o debate político. Neste cenário, o candidato do PSOL é o que podemos, timidamente, chamar de nonsense. Os demais comportam-se de maneira calculada. Em especial, a candidata que lidera as pesquisas e é, sabidamente, construída por bisturis e mal traçadas estratégias de propaganda. Por isso, exibe um sorriso desenhado pra simular femininidade e simpatia, quando se sabe que, ao contrário disso é mulher com opiniões fortes e posicionamentos duros, uma dama de ferro. O interessante, no entanto, é que a linguagem corporal, de uma maneira ou de outra, informa e a própria Dilma se trai ao afirmar, acidentalmente, que parte das doações de sua campanha compõe o bom e velho caixa dois. Este foi o único momento espontaneo da ex-ministra e ponto alto do morno debate ontem. Outra constatação (que, todavia me dá certo alento): a candidata Marina é uma excelente parlamentar, o que sempre achei dela. Longe da presidência (o que, provavelmente ocorrerá, caso as pesquisas consigam mesmo determinar o voto do brasileiro, como sempre fazem), continuará dando sua contribuição a sociedade, pois acrescenta a discussão uma visão estratégica. Diferente da ministra Dilma, que se apóia na imagem do Lula e diferente também do Serra, que entende que governar é simplesmente gerenciar e discursa na base fórmulas gastas e promessas (salário de 600 reais, dois professores em sala, mais 10% de aumento para os aposentados e teremos uma nação). No final, o saldo pra mim, Aline, é este: política se faz longe do palanque. Diálogo, não discurso, representa a participação política e democrática. Parabéns pelo texto.

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  2. Aline, que boa reflexão... quando faltarem os humanos, que venham palavras como as tuas, assim, votar será um ato humano por excelência.

    Um beijo e parabéns!

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  3. Marcio,
    Obrigada por tanto enriquecimento aqui no meu blog.Na verdade escrevi esse texto em um desabafo, procurei não me posicionar para não polemisar demais...
    Mas fico feliz que meu desabafo tenha te instigado a falar sobre politica de forma clara expondo opiniões concretas e tão bem fundamentadas, porque creio que a grande maioria dos Brasileiros que assistiram o debate ficaram no mínimo decepcionados, precisando discutir, debater, ou como você bem coloca dialogar sobre o assunto.
    Muitos beijos pra vc!

    Carmen,
    Ainda bem que nem tudo ersta perdido... não é mesmo minha amiga? Obrigada pela fiel companhia!
    Super Beijo!

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  4. Aline:

    Primeiro, devo dizer que gosto muito de você, talvez porque você tenha o mesmo nome que a minha irmã, rs. Depois, porque acho delicadíssima a tua forma de escrever e achei brilhante essa reflexão aqui, por isso me posicionei. A idéia é o diálogo, repito, eu creio nisso. E escrevi a respeito ontem, inclusive, para uma outra amiga, veja:

    Diálogo pressupõe uma segunda pessoa. Do contrário se tem monólogo e "mono" é aquele som que utiliza apenas um canal para transmitir o áudio; logo, o mesmo som idêntico sai pelas duas caixas do aparelho. Desse modo, não fossem os interlocutores, como num disco riscado, "o som da minha própria voz a repetir" é o que ouviria apenas. Quando estéreo, ao contrário, (e não histérico, tampouco estéril) o som utiliza dois canais monos diferentes e UNIDOS AO MESMO TEMPO no mesmo áudio. E assim podemos ter uma percepção melhor dos intrumentos e da voz. O que é imprescindível em tempos de violência em som surrond, era de home theaters, que simulam ambientes, criam condição de perto e longe e propagam a deseperança em multicanal.. Assistindo ontem aos presidenciáveis, na Globo, diga-se de passagem, eu pensava justamente a respeito dessa questão do diálogo e da repercussão democrática. Infelizmente, concluí que o marketing esvaziou o debate político, tornando-o mudo e enfadonho. Neste cenário, por incrível que pareça, o candidato do PSOL, calculado nonsense, é o que se pode chamar de voz dissonante entre as demais, que soam todas orquestradas. Mesmo a excelente parlamentar Marina Silva, infelizmente, só ergue o brado a respeito daquilo que está fora de discussão, pois sabe que se desafinar, a audiência é reduzida, a bilheteria é fraca e o show sai de cartaz. Sendo assim, dança conforme a música e "esquece o principal: que no peito dos desafinados também bate um coração". No entanto, é a única que me parece ainda manter aguçada a percepção, porque tem ouvidos e olhos abertos e estratégica visão. O Serra entende que governar é simplesmente gerenciar, por isso, se utiliza de fórmulas gastas; inflando os pulmões, proMente, promete e apregoa soluções: alguns parcos melhorismos e... seremos uma nação! Numa palavra: cômico, não fosse trágico, no entanto, digno de sonora gargalhada como a que se ouviu da platéia após ato-falho da ministra Dilma que (em raro momento sincero) revelou o que já se sabe a respeito das doações de campanha: que parte delas é extra-oficial. Ou seja, há caixa dois e segue o samba "de uma nota só" e o que é pior: a nota é preta! Dilma é variação do Lula, sem sair do tom. É a última da turma do Duda Mendonça, depois do "Lulinha Paz e Amor", é nossa dama-de-ferro em terno rosa, talhada a bisturi e marketeiros, simbiose de Margareth Tatcher e Frankenstein. Hoje acordei ainda ouvindo acordes do sombrio show de horrores exibido ontem à noite e quero, por isso, aumentar o volume e contrapor à trilha, dizer um VIVA a democracia, porque apesar de tudo eu posso dizer tudo isso em alto e bom som. Doutro modo, o que seria pior, "a minha indigNação se converteria numa mosca sem asas, e não ultrapassaria as janelas da minha casa."

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  5. Marcio,

    Primeiramente,que belo nome tem sua irmã... =)!
    Também gosto muito de você, do seu tom e do que escreve principalmente pela maestria que demonstra com as palavras, que brincam com você em "jogos" tão belos de serem assistidos!
    Mais uma vez só posso agradecer o enriquecimento em meu blog por seu texto, tão afiado, que hoje tenho a honra de publicar aqui!
    Te espero sempre!
    Mil beijos!

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  6. Acredito que o grande problema que gera a falta de um debate é a falta de um ideal. Tudo está caminhando de acordo com o economicamente viável e politicamente correto, seja qual for a vertente do pensamento político. O que importa é agradar quem nunca sentiu um afago e evitar acabar com as regalias dos demais.
    Assim, fica prático manter a ordem. Fica confortável manter as coisas como estão. A diferença, agora, tornou-se publicitária e cômica. Quem estiver melhor no cartaz e souber criar as melhores tiradas ganha mais aplausos nas urnas.

    Um texto com tendências subversivas, com certeza :)

    Abraço!

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