terça-feira, 30 de março de 2010

Família Rabicó...

O clic aconteceu em 20 de março de 2010 quando meu primo João Paulo e eu resolvemos conversar até as 4:30 da manhã acompanhados por wisky trazido por ele, sinceramente, eu nunca apreciei muito a bebida.
Mas, cofesso que naquele momento desceu muito bem e até casou com nossos devaneios e é claro que no meu copo vinha disfarçado com aquela quantidade absurda de gelo...
Em nossa família ocupo o cargo de filha primogênita da filha primogênita... Ou seja... A neta mais velha a irmã mais velha e a prima mais velha, cujos fracassos e vitórias sempre vão servir de ótimos exemplos a serem ou não seguidos... aquela que se frustra quando todo mundo percebe que ela não é assim o máximo e aquela que um belo dia percebe que aquela pirralhada toda cresceu e apareceu... e que fica espantada ao beber uma dose de destilado com seu priminho que adorava imitar cachorro.
Essa noite não só descobri que João agora é um homem incrível mas também fiquei muito feliz por não podermos escolher nossa família pois como sou estabanada era perigoso não ter tido a sabedoria de escolher exatamente aquela que hoje me acolhe...
Claro que como todas as famílias essa também esta repleta de gente maluca, mulheres neuróticas, filhos neuróticos, netos estragados e até quem escreva em um blog – pasmem !
Mas o legal aqui é a espontaneidade, ninguém na minha família sofre de hipocrisia, as verdades são rasgadas e cruas... e o melhor é que os couros são grossos aguentam bem as pancadas... Cresci em meio a discussões inflamadas seguidas de compreensão e até admiração, cartas debochadas e radicalismos aplaudidos e rechaçados!
Mérito ou culpa do vovô João com a linda e incansável mania de nos fazer pensar, questionar, sempre com livro ou um texto novinho em mãos para nos oferecer, ensinando sobre a nova reforma ortográfica, citando Neruda ou filosofando sobre Marx, levantando sutilmente questões sócias com seus conhecimentos empíricos, já que foi um dos fundadores do Partido Comunista dentre tantos outros feitos pelos quais nunca se gabou...
Por culpa dele nutrimos tão bem o princípio da dialética e da não razoabilidade quando se trata de laços fortes como os nossos... Por culpa dele temos todos, esse fraquinho pelos “frascos e comprimidos”... Pelas piadas... É por culpa dele que comemos comida com a mão.... É por culpa dele que nutrimos essa vergonha incrustada por sermos burgueses... E é por culpa dele que acabamos gostando mais do guaraná do que da coca, mais do governo Lula do que do Fernando Henrique, enfim, mais do vermelho do que do azul... É ele quem nos torna subversivos!!!
Eu sempre me questionei sobre o quanto em nós advém de nossos genes e o quanto podemos absorver com o nosso meio, nossos exemplos... E hoje olhando para minha família esse questionamento se tornou ainda mais latente... Vejo o quanto temos em comum e o quanto estou ficando parecida com minha tia Suzana em personalidade e tão diferente por não ter puxado os incríveis olhos azuis da vó Cida...
Apelo do sangue?...
Culpa do Vô João?
Ou da Vó Cida?
Vó Cida que é a sabedoria solidificada em um ser humano, verdadeira custe o que custar, honesta com que sente, uma torre inatingível em suas crenças, inabalável em seus pensamentos e irredutível no amor que sente e na proteção pelos seus... Por culpa da vó que meu primo e minha tia me acham parecida com a Juliana Paes... Por culpa dela que não temos preconceito nenhum... É por culpa dela que as diferenças não nos agridem mas somam... É por culpa dela que olhamos o próximo como irmão... É por culpa dela que somos tão sinceros... É por culpa dela que nunca nos envergonhamos de quem realmente somos.... É por culpa dela que ninguém é melhor que ninguém... É por culpa dela que ninguém pisa no nosso calo... E é por culpa dela que cuidamos tanto dos calos dos outros... Ela nos traz a constancia... Ela nos torna periódicos!
Seja como for, esse texto é mesmo uma ode aos meus avós, a minha família doida e tão sincera, e é mais do que isso, é meu agradecimento as nossas reuniões inflamadas, as discussões enriquecedoras, as festas sem álcool mas cheias de risos, as leituras, e aos horrendos figurinos que sempre são utilizados por todos e que nunca são comentados...
Ahhh... e esse devaneio também é um pedido a todos vocês, João Paulo, Gilberto, Fernanda, Tia Cláudia, Tio Laertes, João Carlos, Tia Lud, Tia Suzana, Tio Paulo, Ricardo, Tatiana, João Vitor, Paulo Henrique... Vô e Vó... para que venham aqui me criticar ou afanar meu ego com suas verdades tão queridas e rasgadas!!! Estou esperando...

8 comentários:

  1. Aline Querida, cada dia ao te ler, mais e mais me emociono com o Amor sincero que dedicas aos teus amores, que bom os teus relatos, sinceros, poéticos e sempre muito reflexivos.

    Um beijo amigo e carinhoso e que gostoso o sabor de tua família.

    Carmen Silvia Presotto

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  2. Aline,
    Difícil comentar todo um texto tão grande, mas é uma grande homenagem, sem dúvida. Sobre sua frase "Eu sempre me questionei sobre o quanto em nós advém de nossos genes e o quanto podemos absorver com o nosso meio, nossos exemplos..." é uma questão difícil de responder. Nascemos com algo "pronto", é inegável, mas também somos MUITO o resultado do meio em que vivemos, das experiências pelas quais passamos. Há as duas coisas e talvez o percentual de influência de cada uma das coisas mude de pessoa pra pessoa. É questão sem resposta, dessas que vamos passar a vida pensando nela... a não ser que o projeto Genoma venha me calar.
    Beeeeeeeeeijo.

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  3. Pois é gente sou mesmo "parida" por esse pessoal em todos os sentidos..hehehehe!!!
    acho que ficou grande assim pq qdo começo a falar me empolgo...um assunto gostoso demais...
    ivan, que bom te ter de volta enriquecendo meus comentários.. estava com saudades...adorei!!!

    Beeeijos mil para vcs dois queridos amigos...

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  4. Amiga, você descreveu muito bem a sua família. Para quem vê de fora como eu, enxerguei claramente as características. Família é muito bom mesmo e sorte de quem sabe dar valor nas diferenças ... é muito mais fácil amar.
    Beijosssssssssss

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  5. Estas almas (adoro chamar tudo e todos de almas...rs) são tão necessárias, justamente por incondicionamente amar quem somos e de não usarem meias verdades para nos dizer certas coisas que nos tornam pessoas melhores...Claro que sendo a pessoa que é só poderia ter vindo de uma base como a que descreveu...

    Sorte deles por tê-la por perto...bjsssss

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  6. shi que saudades vc aqui.....
    Obrigada pela presença e obrigada pela doçura...
    beijos!

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  7. Aline querida ! amei o texto!e adorei ter passado o fds na sua casa, vcs são incríveis.. ps: vc só esqueceu de acrescentar que tinha 2 marias preguiças no colchão da sua sala ! kkkkkkkkkk
    beeijos,Thaís !

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  8. Verdade Thais observação importantíssima!!!
    bom te ter por qui... segue ai.. comenta mais!
    Grande beijo!

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